Me inscrevi no concurso, o primeiro da minha vida, naquele 26 de
abril de 2013. Me lembro muito bem desse dia e de quanta esperança e
medo eu tive quando a moça do caixa me deu o comprovante de pagamento da inscrição. Parece que naquele momento alguém gritava: "Que comecem os jogos!"
Saí do
banco e fui comprar as ferramentas para construir essa nova fase: um
caderno, um pacote de folhas brancas e algumas canetas coloridas. Tudo
bem básico mesmo. E lá se foram três meses até o dia da prova, o dia da
verdade. Todos os dias desse percurso eram pra estudar. Meu quarto virou
um campo de treinamento. Na mesa, livros, cadernos, folhas, notebook,
canetas. Mapas mentais nas paredes. Janela fechada e solidão.
Estudava
em todos os minutos possíveis e abri mão de passeios, TV. Aliás, pra
que assistir televisão mesmo? Ô coisa inútil na vida! Sempre pensava que, no
momento em que eu parasse pra fazer qualquer coisa, meus concorrente
estariam estudando, aprendendo. Então eu tentava fazer o contrário.
Enquanto alguém poderia estar preso ao capitulo "imperdível" das
novelas, eu estaria estudando. Bom, eu só parava em frente à TV para
assistir ao meu seriado favorito no universo: CSY:
New York, e fazia isso enquanto jantava pra "ganhar tempo". Era o meu momento de relaxar um pouco, afinal, ninguém é de
ferro, mas assim que terminava o episódio eu já desligava a TV e voltava
para a minha mesa de estudos.
Os vizinhos já começavam a
perguntar se eu havia me mudado e eu estava cada vez mais determinada à
isso. Mudar de cidade seria uma das consequências de passar nesse
concurso. Em um desses dias de estudo, fui olhar para o relógio e
já eram, vejam só, duas e meia da madrugada. É... às vezes a madrugada não tinha
mesmo sido feita para dormir...
Quanto mais se aproximava o dia
da prova, mais eu estudava. Assistia algumas aulas gratuitas
disponibilizadas no Youtube pelo Alfa Concursos e isso me ajudou
bastante. Aqueles professores eram as únicas pessoas em quem eu realmente prestava
atenção naqueles dias.
E chegou o grande dia, o dia decisivo. Eu
estava aqui em São José dos Campos, uma cidade até então totalmente desconhecida
pra mim, mas que poderia ser a minha casa um dia. Como uma
prova pode mudar tanto a nossa vida? Bem, a vida é uma sequência de
provas, nós é que não percebemos isso. Precisamos escolher coisas a todo
instante, marcar uma das opções desde o momento em que acordamos:
Levantar agora ou ficar
mais cinco minutinhos?
A blusa preta ou a vermelha?
Pão francês ou pão de forma?
Maçã ou uva?
A faculdade ou o curso técnico?
Participar desse concurso, sim ou não?
Ser ou não ser, eis a questão?
Saí
da sala de prova com os ombros mais leves. Sem certeza de nada, mas com
a consciência de que fiz o meu melhor e batalhei por isso durante todos
esses dias...
Você acabou de ler a segunda das três partes da série "Atrás das
Cortinas", onde eu conto como vim parar aqui em SJCampos. Amanhã você
poderá ler a última parte, afinal, a loucura é tão grande que não cabe em
um post só.
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